sábado, 10 de setembro de 2016

Arte é lugar de protesto? Alguns dados para fomentar o debate.


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Textos meus, Arthur Leandro  em postagens diferentes: 
Naufrágio parece ser uma referencia ao acidente com 5 mil cabeças de gado no porto de Barcarena. intervenção artística na obra de arte, talvez a melhor reação de público... essa aí reagiu e deixou de ser espectadora passiva. MARAVILHA DE INTERVENÇÃO!!!! viva o Pixo!!!
e
ela escreveu "Naufrágio", referência ao desastre ambiental em Barcarena/PA.... intervenção artística na obra de arte, talvez a melhor reação de público... essa aí reagiu e deixou de ser espectadora passiva.



Texto da  Bianca Levy
ANTES QUE A VACA VÁ PRO BREJO
Em resposta aos ataques de desconhecidos na minha postagem, segue a minha posição em relação ao caso das vacas. Pixo é arte sim, arte de rua. Questiona e releva questões sociais por meio da intervenção urbana. A prática de "desenhar" o cotidiano em paredes é milenar, diga-se de passagem, e super importante para entender o contexto histórico e social de um povo. O pixo é a expressão artística que as classes desfavorecidas criaram para gritar o silenciamento imposto a elas historicamente pela elite. Mesmo o grafite, que é mais "palatável", surgiu dessa premissa. Penso que a proposta da Cow Parade dialoga em um ponto com a arte de rua que é a intervenção urbana. E dentro desse contexto, as próprias intervenções urbanas estão sujeitas a outras intervenções também. E foi isso o que ocorreu com a obra em exposição. Eu ainda não ouvi pronunciamento do artista que fez a obra original e sinceramente, gostaria de saber qual o posicionamento dele. Mas posso dizer que como cidadã eu me sinto sim representada por essa intervenção e vou mais além; pra mim essa nova obra (aniquilada pela organização asséptica do evento) tem mais potência do que todas as outras juntas, pois revela um desastre ocorrido aqui do nosso lado há pouco tempo. Como jornalista eu acompanhei a situação do naufrágio de Barcarena e reconheço a tamanha violência e sofrimento a qual foram submetidos esses cinco mil animais, assim como o descaso com que os moradores do entorno são tratados. E nenhuma das cinquenta vacas de presépio da Cow Parade lembraram disso, portanto, sacada genial da artista (lembrando também nesse ponto que, além de questionar, arte é isso, é chocar, seja pro bem o pro mal. É despertar sensações, e com certeza essa artista conseguiu realizar isso com êxito). Não quero nem entrar no mérito da curadoria desse concurso, das corporações por trás disso, da origem da verba, do processo e critérios de seleção, invariavelmente excludentes em grandes projetos como esse. O fato é que jamais um jovem artista (principalmente de rua) com portfólio reduzido, sem prêmio de edital nas costas vai ter preferência numa hora dessas. Esses são os artistas que mantém a sua arte na resistência, na guerrilha. E pra eles o meu salva sempre. E pra quem acha que isso é mania de perseguição com a ordem ou implicância com o evento, me limito apenas a citar uma vaca que foi "doada" pela organização do Cow Parede ao Curro Velho, por debaixo dos panos, alheia ao processo de seleção. Eu estive lá como jornalista e vi/ soube, e inclusive a minha matéria foi vetada por isso. No mais, o único recado que eu posso dar para a organização do evento é: Quem não sabe brincar, não desce pro play. Quem vai trabalhar com arte de rua deve estar preparado para todas as intervenções externas. Um bom artista sabe disso.
Publicado no Facebook


Texto da Byxa Do Matto (em dois posts diferentes)
O q esperar das estruturas de poder hegemônico além desse cinismo castrador disfarçado de susto e preocupação com a depredação de sinalizadores ditos arte, disposto nas vacas cowparade belem? Aff, afff, o pixo #naufragio reintera a discussão dos paradoxos e das coisas invisibilizadas nesse lugar, tão vivo de reexistências quanto de números de mortes no qual a direita tenta na base do sangue derramado fazer seu rancho. Dizer amem?
As vacas estão todas por ae, no mapa do dinheiro e da paisagem supostament cosmopolita estão com a marca de seus donos, tatuadas no corpo, longe só um pokinho dos mais d 2 mil bois q morreram afogados no porto de vila do conde com o #naufragio do navio, deixando a população d barcarena numa situ q nem sei o q dizer sobre, mas minimamente, sem condições de fazer self...
As vacas estão longe do mapa onde o carro que passa matando nas perifas faz seu show de horror, e não me admiro que os jornais, alguns intelectuais e umas pessoas alienadas, tanto por escolherem a idiotice e o facismo, quanto por estaram com um fardo gigante, dêem mais atenção a “”depredação’’ de uma obra d arte na rua do q vidas q somem com tiros e mais tiros e com a fumaça de um carro preto , q ninguem sabe, ninguém viu, ,, aaaaaaaaafffffffff, o q mais me deixa loca, é ver a gente repetir discursos, modos de olhar as coisas, e quanto isso uma serie de atrocidades vão passando como se fossem carros alegóricos,

Não vou dar a volta no trio,
x-x-x-x
outra coisa me deixa nervosa é a comoção por de repente legitimarem o pixo #naufragio na vaca do #cowpared como uma intervenção d arte ou como uma intervenção politizada e assim, engolida pois entra nos tramites de uma discussão mais ampla do que é arte ou não..., supostamente,,,, axo curioso termos a superficie de discussão ainda pautada no >>> aah o artista gostou,,, e tudo bem,,,O q me incomoda profundamente é a voz dizendo como são as coisas ou devem de ser, , implicita nas entre linhas de muitos, inclusive eu



Texto de Glauce Santos
"Manifestações artísticas em espaço público"
Podemos considerar que as gravuras e pinturas rupestres da pré-história foram os primeiros grafismos do mundo, e sabemos também da prática dos pixos entre os antigos romanos, que escreviam mensagens de protesto nas paredes das construções da cidade, e ambos são encontrados até hoje em seus respectivos sítios arqueológicos. Vários estudiosos afirmam isso !!!!
A Pichação pode ser definida como escritas, rabiscos em muros, edifícios, ruas e monumentos urbanos com tinta em spray aerossol, estêncil ou rolo de tinta, a pichação normalmente é associada como ato de vandalismo e não a arte urbana, mas alguns consideram como arte de protesto !!! O grafite como conhecemos hoje, tem seu início na década de 60, na contracultura, nas minorias excluídas, nos jovens da periferia, como forma também de protesto, de gritar suas dores.
A arte urbana, pública nos apresenta formas do fazer artístico, que vai abrangendo várias modalidades de grafismos, que vão do grafite, estêncil, passando por cartazes lambe-lambe, intervenções, instalações, e entre outras. São formas de pessoas sozinhas ou em grupo, expressarem os seus sentimentos através de desenhos e escritas.
Fiz toda essa introdução didática para dizer que considero Pixo como arte de protesto, sim estou falando da intervenção-protesto que a garota fez na tal vaca !!!!!
Algumas pessoas não entendem que nós artistas queremos políticas públicas para as artes em nosso Estado, e não apenas editais excludentes, elitistas, que só beneficiam poucos artistas, acabamos de perder um museu de arte, assim como muitos bois e vacas morreram naquele naufrágio em Barcarena, onde imperava a estupidez humana, causando danos ao meio ambiente, e ainda temos que aguentar uma "mídia burguesa" chamando de vandalismo a intervenção que a garota fez na vaca, quanta hipocrisia !!!!!!
A arte pública é assim mesmo, o próprio nome já diz, pública !!!!!!

Para os artistas elitizados e higienizados de museu, para uma população desinformada e adestrada, o pixo é um crime. haha Faça-me um favor, não ponha a tua arte na rua, caso vc não queira que ela venha sofrer intervenções pungentes. Todo o "artista" deveria saber, que qualquer "arte" que caia na boca da rua, deixa de ser sua. Torna-se rua! Muito cansativo lidar com a ignorância alheia. Viva o pixo!

Texto da Angélica Lopes Arcasi
A rua sempre aponta o caminho!
#NAUFÁGIO me representa! Intervenção crítica e acertada que aproveita oportunamente o suporte e retoma o naufrágio do navio Haidar que afundou em 2015 com cinco mil bois vivos no porto de Vila do Conde, em Barcarena/Pa.
O que teve de mais interessante e potente na exposição foi também o mais efêmero. Aprendam: Pixo é denúncia, é grito, é arte.

E vandalismo é exclusivamente o que o Estado faz. #ForaTemer!  

Arte é atividade ideológica, 

como todas as ações humanos.... logo...

É arte sim!


SOBRE VACAS EM BARCARENA/PA.



Em 6 de outubro de 2015 um navio que transportava carga de cinco mil bois vivos afundou na no cais do porto de Vila do Conde, em Barcarena, nordeste do Pará. O naufrágio aconteceu duas horas depois da embarcação ter tombado. Imagens mostram os animais saindo de dentro da embarcação e subindo na lateral do navio, parcialmente submerso. Um vídeo feito pelo estivador Renato Pereira registrou a correria no porto logo no início da manhã.
Em 12 de outubro de 2015 a imprensa noticiou que “Praia do PA é tomada por bois mortos após naufrágio; moradores protestam” - Bois mortos em naufrágio em Barcarena acumulam-se na orla de praias tomadas pelo óleo diesel que vazou de embarcação no último dia 6. Moradores de Vila do Conde realizaram um protesto na manhã desta segunda-feira (12) em frente ao principal portão de acesso da Companhia Docas do Pará (CDP), em Barcarena, no nordeste do Pará. Eles cobraram providências imediatas para os problemas decorrentes do naufrágio de uma embarcação que transportava cinco mil bois, em Barcarena, no último dia 6.

Distância entre o porto de Belém – PA e o Porto de Vila do Conde – PA é de 31 31 Km ou 17 Milhas Náuticas, para se deslocar nadando nesse percurso leva-se aproximadamente 7h e 45 minutos, se for num navio, desses mesmo e igualzinho ao que naufragou em Barcarena, leva-se de 48 minutos a 1h e 15 minutos, e de lancha, cerca de 30 minutos

REFERENCIAS NA HISTÓRIA DA ARTE
"Inserções em circuitos ideológicos" – de Cildo Meireles (1975), é uma operação provocadora da ordem pública ao interferir nas estruturas que simbolizam e garantem o poder estabelecido.

Nós somos mais pretensiosos: se a nossa civilização está apodrecida, voltemos à barbárie. Somos os bárbaros de uma nova raça. Os imperadores da velha ordem que se guardem. Nosso material não é o acrílico, bem comportado. (...) Nosso instrumento é o próprio corpo – contra os computers. Nosso artesanato é mental - ver em BITTENCOURT, Francisco. A geração tranca-ruas. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, Caderno B, p.2, 9 mai.1970

“O artista hoje é uma espécie de guerrilheiro. A arte uma forma de emboscada. Atuando imprevistamente, onde e quando é menos esperado, de maneira inusitada, o artista cria um estado permanente de tensão, uma espectativa constante. Tudo pode transformar-se em arte, mesmo o mais banal evento cotidiano. Vitima constante da guerrilha artistica, o espectador vê-se obrigado a aguçar e ativar seus sentidos (o olho, o ouvido, o tato, o olfato, agora também mobilizados pelos artistas plásticos), sobretudo necessita tomar iniciativas. A tarefa do artista-guerrilheiro é criar para o espectador (que pode ser qualquer um e nao somente quem frequenta exposições) situações nebulosas, incomuns, indefinidas, provocando nele, mais do que o estranhamento ou a repulsa, o medo. E so diante do medo, quando todos os sentidos são mobilizados, ha iniciativa, isto é, criação.” MORAIS, Frederico Contra a arte afluente: o corpo é o motor da obra. Revista VOZES “Vanguarda brasileira: caminhos e situações. Jan./Fev.: 1970.


Artur Barrio lançou em 1969 seu "manifesto contra as categorias de arte, contra os salões, contra as premiações, contra os júris, contra a crítica de arte (Manifesto Estética do Terceiro Mundo)", contra, portanto, o sistema de arte e suas categorias, considerando-as uma imposição aos artistas latino-americanos. Para ele a utilização de materiais caros e convencionais em trabalhos artísticos representava a continuidade dos "serviços" da arte ao gosto das elites, e em contraponto propõe materiais baratos e perecíveis para problematizar a questão econômica na arte. Fernando Cochiarale explica que "a partir da crítica a essa realidade socioeconômica, étnico-política e estética Barrio deduz, com uma clareza rara na arte brasileira, o eixo fundamental de sua singular poética: conspirar contra o gosto das classes dominantes - no campo em que essas exercem seu poder cultural e operatório (poder assentado na crença da existência de um campo verdadeiro e puro da arte) - pela utilização de materiais precários e perecíveis, colhidos nos rejeitos de nossos trânsito no fluxo da vida". Para sua conspiração, Barrio vai às ruas e intervém no cotidiano das cidades sem perguntar às pessoas se é isso que queriam. E usando os rejeitos da sociedade de consumo faz seu trabalho de forma direta com o espectador e para a sua percepção da realidade, inclusive a econômica, Paulo Herkenhoff diz que a atitude de Barrio sustentou dois debates: o primeiro pela liberdade de expressão na ditadura e o segundo contra a desigualdade de expressão no capitalismo. As relações de poder, a partir da consciência dos efeitos da economia mundial na economia latino-americana, é força motriz de seus trabalhos.

Richard Huelsenbeck, no manifesto Dada de 1918, apontava para uma prática cultural de caráter libertária no seio da sociedade, ao afirmar que “a arte, para sua execução e desenvolvimento, depende do tempo no qual vive”, e que a arte maior será aquela que apresentar conteúdos conscientes dos múltiplos problemas de seu tempo, “aquela que se fará sentir como sendo sacudida pelas explosões da semana precedente, aquela que tenta se recompor depois das vacilações da noite anterior”, pois pra ele os artistas são um produto de sua época, e “os melhores e mais insólitos artistas são aqueles que a qualquer momento arrancam pedaços do próprio corpo, do caos da catarata da vida e os recompõe”;

No item 4 do “Esquema geral da Nova Objetividade”, (texo de 1967) Hélio Oiticica diz que: há atualmente no Brasil a necessidade de tomada de posição em relação a problemas políticos, sociais e éticos (...) sendo o ponto crucial da propria abordagem no campo criativo: artes ditas plasticas, literatura etc. (publicado por Cecília Cotrim & Glória Ferreira em “Escritos de artistas: anos 60/70” Rio de Janeiro: Jorge Zahar: 2006)




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O QUE É A COWPARADE?
É O MAIOR E MAIS BEM SUCEDIDO EVENTO DE ARTE PÚBLICA NO MUNDO.
As esculturas de vacas em fibra de vidro são decoradas por artistas locais e distribuídas pelas cidades, em locais públicos como estações de metrô, avenidas e parques. Após a exposição, as vacas são leiloadas e o dinheiro é arrecado e revertido para instituições beneficentes.
O evento tem 17 anos, e acontece desde 1999, já já passou pelo menos por 84 cidades de 36 países em todo o mundo, incluindo Chicago (1999), New York City (2000), Londres (2002), Tóquio (2003) e Bruxelas (2003). Dublin (2003), Praga (2004) e Estocolmo (2004), Cidade do México (2005), São Paulo (2005 e 2010), Curitiba (2006), Belo Horizonte, (2006), Boston(2006) Paris (2006), Rio de Janeiro (2007 e 2011), Milão (2007) e Istambul ( 2007), Madrid (2008), Taipei (2009); com a participação de 10000 artistas, arrecadando aproximadamente U$ 35 milhões que foram doados para entidades beneficentes
POR QUE VACAS?
Há algo de mágico com a vaca. Ela representa coisas diferentes para pessoas diferentes ao redor do mundo: é sagrada, é histórica, mas o sentimento comum é de carinho. Ela simplesmente faz todos sorrirem.
A escultura de vaca da CowParade forma uma tela tri dimensional que agrada a todos os artistas e não existe nenhum outro animal ou objeto que fornece uma forma com a mesma flexibilidade e amplitude.
QUEM SÃO OS ARTISTAS?
As vacas são pintadas por artistas locais. Pintores, escultores, artesãos, arquitetos, designers e outras pessoas criativas e artísticas são bem-vindas para apresentarem um projeto para a seleção, desde amadores e desconhecidos até profissionais e famosos.
PARA ONDE AS VACAS VÃO APÓS O EVENTO?
As vacas são leiloadas e a renda é revertida para entidades beneficentes. Os leilões da CowParade são realizados como leilões de arte tradicional com os lances ao vivo e através da internet.
QUEM ESCOLHEU OS ARTISTAS
Juri formado por Paulo Chaves Fernandes, Secretário de Estado da Cultura; Dina Oliveira, Presidente da Fundação Cultural do Pará; Jussara Derenji, Diretora do Museu da UFPA; Eduardo Klautau, Coordenador do Comitê Belém 400 anos; Rodrigo Pizzinatto, Diretor Comercial e Marketing da Extra-Farma, e Alan Rodrigues, Diretor Executivo da Agência Inova. E Fafá de Belém foi escolhida madrinha do evento.

Na imprensa:

“A CowParade contempla as comemorações pelos quatro séculos de Belém, além de ser uma iniciativa de responsabilidade social, pois as peças serão leiloadas após as exposições e o dinheiro arrecadado será doado para a Associação Voluntariado de Apoio à Oncologia (Avao), para a Associação de Pia União do Pão de Santo Antônio e para as Obras Sociais da Paróquia de Nazaré.” De acordo com o coordenador do Comitê Belém 400 Anos, Eduardo Klautau, “o que mais nos entusiasmou para receber esse evento e inseri-lo na agenda do aniversario da cidade foi esse caráter artístico e inclusivo de solidariedade. Motivos regionais para inspirar os mais de 300 projetos que recebemos não faltaram, até chegarmos à escolha final, que agora vai embelezar nossa cidade”, disse Klautau”.

“Para a sócia-diretora da TopTrends, o desejo de trazer a mostra para o Norte do Brasil já era grande e coincidiu de chegar a Belém neste período. “Conseguimos trazer as nossas ‘vacas do bem’ para Belém em um momento histórico para a cidade, além disso, por meio dessas obras conseguimos sentir o regionalismo por meio das artes, retratando o açaí, as mangas, a própria cultura indígena. Isso está sendo maravilhoso”, explicou a responsável pelo evento”.


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