sábado, 26 de abril de 2014

MinC age com descaso com as culturas tradicionais de terreiros de matriz africana?

 
SEPPIR chamou os ministérios parceiros para balanço do Plano de Desenvolvimento Sustentável de Povos Tradicionais de Matriz Africana.
Nesta semana de 22 a 25 de abril de 2014, estive na SEPPIR em um Grupo de Trabalho que reuniu representantes de vários ministérios para apresentar as ações de cada um dos parceiros para a efetivação das políticas públicas para a sustentabilidade dos povos e comunidades tradicionais de terreiros de matriz africana, na escuta e questionamentos estavam autoridades e lideranças de povos tradicionais de terreiros de matriz africana de vários estados do Brasil.
Foi um balanço do I Plano de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, seguido de um intenso debate que fez parte da programação da Oficina “Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana”, na tarde da quinta-feira, 24. Representantes da SEPPIR, do MinC, da Fundação Cultural Palmares, da Secretaria de Direitos Humanos, da Embrapa, do Iphan e dos ministérios da Educação, Saúde, Meio Ambiente, Planejamento, Orçamento e Gestão, Desenvolvimento Social e Combate à Fome, avaliaram as iniciativas voltadas à consecução de metas propostas no documento. Ver mais aqui 
Quando Daniel Castro, apresentou o balanço das ações da Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural (SCDC/MinC), ele disse que aquela secretaria anunciará durante a TEIA da Diversidade, que acontece de 19 a 24 de maio próximo, um edital de ponto de cultura especifico para povos e comunidades tradicionais de terreiros de matriz africana. Notícia muito bem recebida pelos presentes, porém quando ele foi esmiuçar o edital deixou escapar que o edital atendia também outros grupos de culturas negras brasileiras.

Este detalhe quase despercebido me acendeu a “luz vermelha” que anuncia que mais uma vez podemos ter o racismo provocando o descaso do MinC para com as culturas tradicionais, e que isso mais uma vez desviaria o foco para outras ações diferentes daquilo que está previsto para o Plano de Desenvolvimento Sustentável para os Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana.
Pedi a palavra e pedi que fosse explicada como se daria essa participação, e lembrei de casos recentes onde as políticas traçadas para atender as manifestações de culturas tradicionais haviam sido desviadas para outros universos da indústria cultural. Daniel respondeu dizendo que o edital atenderia outros dois grupos das culturas afro-brasileiras mas que elas não concorreriam entre si.
Menos mal, mas...
Recordei que estive na avaliação do Edital Cultural 2014, que selecionou propostas artísticas e culturais para o período da Copa do Mundo, e um caso em especial me chamou a atenção nesse processo... Um caso em que um pesquisador apresenta o resultado de sua pesquisa como uma proposta de ‘manifestações tradicionais”, ou manifestação de culturas tradicionais, e o MinC habilitou tal proposta e a colocou para seleção junto com as demais propostas que vinham de comunidades tradicionais.
Este é apenas um caso que acidentalmente eu tive acesso, mas é um caso que revela o descaso com que o Ministério da Cultura trata as culturas de povos e comunidades tradicionais, e, para mim, é também um indicador de que é preciso investigar mais aprofundadamente se os demais projetos aprovados nessa categoria vem realmente de demandas de culturas tradicionais. 
Da mesma forma, é preciso cobrar compromisso do Ministério da Cultura com a proteção e salvaguarda dessas culturas, e isso também significa cortar o financiamento de projetos culturais de pesquisadores que se inscrevem descaradamente como se o resultado de suas pesquisas se tratasse de uma manifestação tradicional.

Apenas se os gestores tiverem o compromisso com as culturas tradicionais é que se poderá reverter esse quadro em que o ministério da cultura permite que grupos declaradamente não pertencentes à comunidades tradicionais se inscrevam como tal.


Arthur Leandro/ Táta Kinamboji uá Nzambi        
Titular do Conselho Nacional de Política Cultural, representando o Colegiado Setorial de Culturas Afro-brasileiras
Professor da FAV – UFPA/ Kisikar’Ngomba ria Nzumbarandá ria Mansu Nangetu.








Informações contidas no projeto utilizado como exemplo de descaso do MinC com as culturas tradicionais.
1.       A questão não é a avaliação da proposta em si, mas o pertencimento ao grupo desejado.... E como se dá o envolvimento do propositor com comunidades tradicionais de terreiros e se esse envolvimento garante a inscrição desse projeto no grupo “manifestação tradicional”.
2.       A inscrição da proposta foi no Grupo G do Edital Cultural 2014, grupo que reúne as propostas oriundas de Manifestações Tradicionais.
3.       Na argumentação do projeto, o proponente diz que os tambores são tradicionais na África Negra, e são mesmos, mas mesmo que no grupo tenham membros de comunidades tradicionais, nada garante que a música oriunda do projeto seja “produzidas pela comunidade”, como reza o Edital.
4.       Quando nós, membros de comunidades tradicionais, requisitamos que os editais, inclusive estes de apresentações culturais em grandes eventos, garantisse a participação das culturas tradicionais, é sabido que esse grupo G do edital estaria destinado a abarcar e dar vez para o protagonismo de povos tradicionais (Povos Tradicionais de Terreiros de Matriz Africana, Povos Ciganos, Povos Indígenas, Comunidades Quilombolas, Comunidades Ribeirinhas, Comunidades de Fundo de pasto, e outras identificadas no brasil).
5.       No item 20 do formulário, o item em que apresenta o proponente, este se identifica como pesquisador e em nenhum momento faz alguma declaração de pertencimento a povo ou à comunidade tradicional, ele diz que: “é músico, compositor, poeta, e agitador cultural com atuação na cena”. Continua se apresentando com os shows realizados e prêmios recebidos, e finda dizendo que o próprio é quem idealiza e forma o Grupo para o qual ele inscreve o projeto, dizendo que esse coletivo é voltado para a pesquisa dos ritmos afro-brasileiros.
6.       Na página principal do link com informações do Grupo, tem informações que o identificam como “um grupo percussivo, de raiz africana no sangue, na cultura e na espiritualidade, que se reuniu pra agregar as manifestações dos tambores...”  E continua dizendo que acima de tudo, é uma homenagem dos músicos à ancestralidade africana.
7.       O proponente não se diz com pertencimento a povo ou comunidade tradicional afro-brasileira, pois é a música que tem raiz africana e ele fazer homenagem à ancestralidade não garante o pertencimento aos grupos de territórios tradicionais negros.
8.       Ou seja, temos um propositor que não diz que é membro da comunidade tradicional tal e tal que aprendeu com o mestre isso e aquilo, o que ele mesmo diz é que ele é pesquisador, que é artista, e que tem prêmios nisso e naquilo, e que ele idealiza e forma o grupo que realiza o trabalho, informação que eu recebi quase como um projeto autoral do artista onde os demais membros (mesmo aqueles que se declaram de comunidades tradicionais de terreiros) parecem ter participação secundária para tão imperioso propósito do artista propositor.

O Edital, em relação ao Grupo G, que se refere às Manifestações tradicionais, diz que:
1.       OBJETO E OBJETIVO
a.       1.4.11. Manifestações tradicionais: expressões artísticas e culturais que nascem do conhecimento, dos costumes e das tradições de um povo, expressa nos seus saberes, fazeres, práticas e artes produzidas pela comunidade e pelos cultores tradicionais, tais como: músicas, cantos, danças, encenações, festas, literaturas, medicinas tradicionais, culinárias tradicionais, jogos, brincadeiras e artesanatos.
b.      3.10. Grupo G - Manifestações Tradicionais: Serão selecionados, em âmbito nacional, no mínimo, 27 (vinte de sete) trabalhos artístico-culturais para circulação de manifestações características das culturas populares e tradicionais, referências dos Estados, para realizar apresentações nas cidades-sede da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014.
c.       3.10.1. Será selecionado, no mínimo, um trabalho artístico-cultural de cada Estado do Brasil.
d.      3.10.2. Os candidatos deste Grupo Cultural podem representar manifestações tradicionais de quaisquer localidades do Brasil, mas deverão indicar, no ato da inscrição, qual o Estado de origem da manifestação tradicional que pretendem representar durante a Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014.
e.      3.10.3. Os trabalhos artístico-culturais de circulação poderão agregar apresentações de mais de um grupo.
f.        3.10.4. No intuito de promover intercâmbio entre manifestações tradicionais de cada Unidade Federativa do país, a circulação das apresentações obedecerá ao disposto na tabela abaixo:
g.       GRUPO G - MANIFESTAÇÕES TRADICIONAIS ESTADO DE ORIGEM DA MANIFESTAÇÃO TRADICIONAL CIDADE-SEDE DE APRESENTAÇÃO (ver tabela no Edital)
h.      3.10.5. Todos os trabalhos artístico-culturais deste Grupo Cultural devem assegurar, no mínimo, 5 (cinco) apresentações nas cidades-sede  da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014, observadas as condições estabelecidas no subitem 2.19.

Marco Legal dos povos e comunidades tradicionais:
1.       O Brasil é signatário da convenção 169 da OIT (ver em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5051.htm e no anexo 1 deste parecer), e esta convenção reza que cada um dos países que a assinaram, dentre outras coisas, que, em relação aos povos tradicionais:
a.       promovam a plena efetividade dos direitos sociais, econômicos e culturais desses povos, respeitando a sua identidade social e cultural, os seus costumes e tradições, e as suas instituições;
b.      deverão ser reconhecidos e protegidos os valores e práticas sociais, culturais religiosos e espirituais próprios dos povos mencionados e dever-se-á levar na devida consideração a natureza dos problemas que lhes sejam apresentados, tanto coletiva como individualmente;
c.       deverá ser respeitada a integridade dos valores, práticas e instituições desses povos;
d.      deverão ser adotadas, com a participação e cooperação dos povos interessados, medidas voltadas a aliviar as dificuldades que esses povos experimentam ao enfrentarem novas condições de vida e de trabalho.
2.       No Brasil, a convenção 169 da OIT é regulamentada pelo Decreto 6040 de 2007 (ver em  http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6040.htm e no Anexo 2) , e neste decreto se estabelece, dentre outras coisas, que:
a.       Art. 3 -  Para os fins deste Decreto e do seu Anexo compreende-se por: I - Povos e Comunidades Tradicionais: grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição;


segunda-feira, 21 de abril de 2014

Moju/PA - Faleceu Mestre Jorge do Banjo de Ouro.

mestre jorge

Na manhã desta segunda-feira, 21 de abril de 2014, Mestre Jorge faleceu no quilombo de África e Laranjituba, município de Moju/PA.
Mestre Jorge e o Banjo de Ouro
Lavrador, seringueiro e músico, desde jovem atua na luta contra a discriminação racial e pela valorização da cultura negra na região de Acará e Moju. É um dos responsáveis pela criação do grupo Experimental de manifestações culturais quilombola do baixo Caeté-Africa e Laranjituba. Este é Jorge Trindade, mais conhecido como Mestre Jorge, que se apresenta no próximo dia 04 de fevereiro, no Teatro do Centur, a partir das 20h, com o show “Banjo de Ouro”. O evento tem como objetivo o fortalecimento da cultura afro-quilombola. Na ocasião vários grupos afro-descendentes participarão do evento, entre eles o Grupo Tradicional Quilombola Kizomba (Mojú), Grupo de Capoeira de África e Laranjituba (Moju), Grupo Mixilhão do Icatú (Moju), Grupo Sancari e o Grupo Sentapeia. Outros músicos da região também estarão no palco junto ao Mestre Jorge. mestre jorge 3 Mestre Jorge - Sua militância em defesa do povo afro-quilombola se inicia na década de 1940, quando integra a Frente do grupo música de raiz que criara com seus irmãos, em Acará sua terra natal. Com o grupo participa de eventos de música de raiz, toadas de boi, valsa, bolero, dentre outros. Em 1950, na região ribeirinha do Rio Moju, onde fixou residência, com o apoio de uma série de amigos, inaugura o grupo de expressão cultural de música de raiz, com a proposta de trabalhar pela valorização social do negro através da cultura e da arte, principalmente no que se refere à música sua principal paixão. No primeiro ano de funcionamento, o grupo promoveu eventos onde carimbó, xóte, samba-de-cacete de autoria própria, eram apresentados e faziam a diversão de centenas de pessoas. Jorge, além de cantar sempre procurou meios de promover a iniciação de jovens à cultura popular em geral, objetivando a formação de artistas populares e colaboradores. Em 1952, inicia as rodadas de mestres oralidade, onde foi o principal contador de estórias. Em 1957, participa de grupo musical formado no intuito de realizar a diversão das famílias da região em morara em Moju. mestre jorge 2"O Som de um Mestre" A Vida e Obra de Mestre Jorge" Texto original no Portal da Cultura em 04/02/2010

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Roda de conversa do lançamento do catálogo da Exposição Nós de Aruanda e Sarau de Performance com Janete Oliveira e Joyce Lima.

Roda de conversa do lançamento do catálogo da Exposição Nós de Aruanda e Sarau de Performance com Janete Oliveira e Joyce Lima.
Sexta-feira, 4 de abril de 2014, 18h na Galeria Theodoro Braga/ CENTUR. Av. Gentil Bittencourt, 650, Belém/PA. 32024313.
Exposição Nós de Aruanda - Artistas de Terreiro
Realização: GEAM e GEP Roda de Axé/ UFPA.
Local: Galeria Theodoro Braga - FCPTN (Centur)
Abertura: 7 de março de 2014
Visitação: 10 de março a 11 de abril de 2014
de segunda a sexta, das 9h às 19h 

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Projeto Rotação de Culturas em Belém.

Projeto Rotação de Culturas,  contemplado pelo Programa Rede Nacional Funarte Artes Visuais, promove atividades de 7 a 11 de abril na Galeria Theodoro Braga do CENTUR.
Dias 7 e 8 de abril, das 16h às 19h – Mesas Redondas
De 7 a 11 de abril, das 14h às 16h – Mostras de vídeo
Local: Galeria Theodoro Braga | Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves. Av. Gentil Bittencourt, 650, Térreo. Belém (PA) – Contatos em Belém: Bruna Suelen – 91-82364046 ou Arthur Leandro – 91-80353377//// 99333077//// 84506974//// 93223377

A "rotação de culturas" é uma técnica agrícola de conservação que visa diminuir a exaustão do solo e consiste em alternar, anualmente, o plantio de diferentes espécies vegetais numa mesma área agrícola, e que isso, além de proporcionar a produção diversificada de alimentos e outros produtos agrícolas, pode também melhorar as características físicas, químicas e biológicas do solo; auxiliar no controle de plantas daninhas, doenças e pragas, na reposição de matéria orgânica, na proteção do solo da ação dos agentes climáticos e ajuda a viabilização do "sistema de semeadura direta" e dos seus efeitos benéficos sobre a produção agropecuária e sobre o ambiente como um todo. Um esquema de rotação deve ter flexibilidade, de modo a atender as particularidades regionais. O uso da "rotação de culturas" conduz à diversificação das atividades na propriedade".
Bikes de Fernando de Pádua.
          Além de promover o intercâmbio cultural nacional entre artistas pesquisadores das regiões Norte e Sul do Brasil, o projeto Rotação de culturas promove também a troca no âmbito de cada uma das regiões, oportunizando a reflexão e diálogo da comunidade artística da Região Norte em Belém e da comunidade artística da Região Sul em Curitiba, a partir da realização de dois encontros, em Belém-PA e em Curitiba-PR, agregando um artista/pesquisador de cada um dos 10 estados que compõem as duas regiões extremas do Brasil.
O elenco conta com a presença de Ueliton Santana (Rio Branco-AC), Mapige [Maria Pinho Gemaque] (Macapá-AP), Sávio Stoco (Manaus-AM), Newton Goto (Curitiba-PR), Arthur Leandro (Ananindeua/PA) e Bruna Suélen (Colares-PA), Claudia Paim (Porto Alegre/ Rio Grande-RS),  Joeser Alvarez (Porto Velho-RO), Anderson Paiva (Boa Vista-RR), Janice Appel e Gabriela Saenger (Florianópolis-SC), Thaise Nardim (Palmas-TO), artistas que fizeram as pesquisas e que estarão nos debates sobre os circuitos locais. Os encontros e trocas acontecem em duas ações abertas ao público: debate sobre os circuitos artísticos estaduais e mostra de vídeo sobre circuitos autônomos nessas localidades. Serão quatro debates, 2 em Belém, na Galeria Theodoro Braga da Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves/ CENTUR, e 2 em Curitiba no Museu Oscar Niemeyer - MON, envolvendo os 10 artistas/pesquisadores participantes do projeto, e duas mostras de vídeo, nos mesmos locais.
Do Pará a mostra apresentará trabalhos de Ícaro Gaya, Qualquer Quoletivo, rede[aparelho]-:, coletivo Matou o cinema e foi à família, Pedro Olaia,  Romário Alves, Táta Kinamboji (Arthur Leandro) e coletivo do Terreiro de Mansu Nangetu,  Táta Kafungeji (Rodrigo Barros) e coletivo do Terreiro Rundembo Ngunzo ti Bamburucema e Fernando de Pádua. E a análise feita é de um circuito apresentado como uma consequência da violência colonizadora. 

Trava Carne: Brasil: BRASIL, o enforcador de Travestis.

Para os pesquisadores Arthur Leandro e Bruna Suélen“a situação que a gestão pública criou, reduziu o espectro de multiplicidade do circuito naquilo que comumente chamamos de movimento cultural: ou a livre circulação de ideias que não são identificáveis com as intenções mercado, mas que são ricas em produção simbólica” e eles investem em apresentar um circuito criado pelos próprios artistas selecionados, um circuito em que a arte está impregnada de culturas consideradas não européias e que se apresentam em áreas rurais, nas ruas e nos rios em uma “vivência artística que produz na cultura da liberdade amazônida”, uma produção que consideram invisível, e por isso mesmo é a produção por eles escolhida “para garantir a fertilidade do solo artístico das culturas amazônidas”, afirmam. Para eles, é importante apresentar o pouco conhecido que é feito aqui para revolver o solo artístico no Grão-Pará.


Sinopses dos vídeos:

Vivendo em Casa- Quartarei longe contigo. Ícaro Gaya e Qualquer Quoletivo. Sinopse: Em quarto crescente, cavalgamos. Ouço melodias da infância onde tempo não é mais que uma caverna e o espaço é sempre instante e a alma galopa por cartazes escritos. Caminhos labirínticos de sonhos, imagens elétricas, dedos entrecruzados, egos eletrocutados, olhos sujos e vermelhos, intimidades e maremotos. Eu estava presente neste rio caudaloso do ir e vir. A cor é apaziguadora, abre gavetas. Entrega-se a pele às pomadas e porradas que deves me dar-me. Olho-te frio, quente, morto, pronto, au dent, cozido pelo sol tramitando no porvir das ascenções. Eu queria mais mágica e mais sonho. Minha prestidigitadora do futuro. Arranca-me os véus quando não posso...revela esse monstro, essa coisa gosmenta que escorre. A baba do filho escarnecendo, doloroso, ao léu. Trabalho há de vir, neste chão me deitarei e espararei você nascer. No coração de todo salvador há uma alma e há você. Só com coração pulsante poderemos sair de nós mesmos: vejo a rua, e hoje não sou atropelado, pois os olhos vestem-se de grades e o sonho volta. E o sonho é papel de paredes, nossa cabeça sem tijolos, é reciclada a cada horizontal. E o almoço estará pronto, na casa dos outros. Não na minha. Manias de mais.

aparelho/aparelhado/aparelhagem. Rede[Aparelho]-: Documentário poético e experimental sobre circuito alternativo de comunicação na cidade de Belém. Artistas de rua, Artistas do comercio e Artistas da periferia. O palco é a rua e a gambiarra tecnológica é o suporte. Lowstecs representando a Amazônia Brasileira.

NavegAções #2 AsLÉMdasdecoLARES. qUALQUER qUOLETIVO e MATOU O CINEMA E FOI A FAMILIA. Sinopse: P(h)oda Tecnoxamica. Em 2012 após uma poda brutal das árvores da Praça Miguel Gondin no centro comercial da Ilha de Colares-Pará, foi realizado um ritual tecnoxamico como forma de protesto, clamando à mãe natureza para as folhas das árvores renascerem, pois reclamar para a secretária de obras e/ou do meio ambiente não resolveu o problema e eles insistem em podar as arvores todos os anos desnecessariamente, pois não há fios que pudessem justificar tal ato, mesmo que. Esse ritual gerou provocações sobre religião, desmatamento e arte, o vídeo retrata construção, a convivência coletiva para o ritual e a performance em si.


Rebatizado do elevado Exu de Mãe Celina. Sinopse: Registro de Performance coletiva proposta por Táta Kinamboji e realizada pelo Terreiro Mansu Nangetu, onde houve um rebatizado do elevado situado na cidade de Belém, elevado que agora se chama ‘Exu de Mãe Celina’, frisando a importância de homenagem para a criação de memória pública para os povos tradicionais de matriz africana; 


e ainda registro do Trabalho Arte Oferenda, Sua Intervenção Gera Arte - SIGA de Rodrigo Barros (Táta Kafungeji) em conjunto com o Terreiro Rundembo Ngunzo ti Bamburucema, feitos para vídeo-instalação na exposição ‘Nós de Aruanda – artistas de terreiro’ em 2013.


EskizoBike: Procesos poéliticos de Fernando de Pádua. Sinopse: Video-arte-Documentário sobre o trabalho de Fernando de Pádua, artista Visual que constrói bicicletas como pressuposto Poélitico - termo que fundamenta sua pesquisa para uma produção processual em práticas ordinárias do fazer poético -, apropriando-se de refugos, sucatas, restos de materiais da indústria e da construção civil para produzir objetos que possam servir de intervenção itinerante sobre rodas, transformando seus objetos em estruturas movíveis.

TravaCarne - Uma história de travestis e açougues. Sinopse: Os três vídeos produzidos nesta serie são registros de ações realizadas na cidade de Belém retratando a cena periférica de prostituição masculina e o quanto estes homossexuais estão suscetíveis a violência homofóbica e marginalizados dentro do sistema heteronormativo em que vivemos. Pedaços de carne crua são oferecidos aos transeuntes como partes dos corpos de tantos travestis mortos nas ruas. Enquanto no almoço do Círio serve-se como prato principal pato no tucupi, nas esquinas os açougues diariamente expõem corpos femininos prontos para o abate. (3 vídeos)

1- travacarne/extimação nº4. Rede [Aparelho]-: e Qualquer Quoletivo - Registro da performance travacarne/extimaçãonº4 no Mídia Cidadã no campus da Ufpa-Guamá-Belém 2011. Sinopse: Há no coração de cada coração um pouco de mastigável e cuspível. Algo que nos lembra a cachorrice que é ser considerada socadela. Travas perdidas procurando seus pedaços de outras tantas como nós, lindas, nítidas, feias, opacas, foda-se o que se é!, saibamos que soumos e sempre sereremos.

2- Trava Carne na Primeira Égua: Sarau do corpo poético. Sinopse: Tradicionalmente o Círio de Nossa Senhora de Nazaré em Belém é um encontro entre o profano e o sagrado. Depois que a Santa passa em sua Trasladação no sábado, véspera do círio tem inicio no Bar do Parque a maior festa Gay da Região, a festa da Chiquita Bacana, onde todas as travesti da cidade aparecem para dar “pinta” ou “Close”. No domingo temos o tradicionalíssimo almoço do círio com Pato no Tucupí. O Trava Carne do Círio, feito especialmente para a Primeira Égua: Sarau do Corpo Poético, traz a tona mais uma vez a realidade violenta que as travestis enfrentam em seu cotidiano e o quanto isso é ocultado pela mediocridade do sistema, “é travesti não gente”, comparando a vida das travesti com o Pato do Círio que é abatido. Quantos abatimentos de humanos-travestis são feitos diariamente?

3- Trava Carne: Brasil: BRASIL, o enforcador de Travestis. Sinopse: registro de performance de Pedro Olaia e Romario Alves BRASIL, o enforcador de Travestis.



Serviço:
Projeto Rotação de Culturas
Contatos em Belém: Bruna Suelen – 91-82364046 ou Arthur Leandro – 91-80353377//// 99333077//// 84506974//// 93223377
Projeto contemplado no Programa Rede Nacional Funarte Artes Visuais;
Realiza atividades entre os dias 7 e 14 de abril nas duas capitais brasileiras, em Belém-PA:
Dias 7 e 8 de abril, das 16h às 19h – Mesas Redondas
De 7 a 11 de abril, das 14h às 16h – Mostras de vídeo
Local: Galeria Theodoro Braga | Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves. Av. Gentil Bittencourt, 650, Térreo. Belém (PA) – Tel.: (91) 3202-4313
Coordenação Artística: Newton Goto - EPA! Expansão Pública do Artista Empreendimentos Artísticos e Culturais LTDA (Curitiba/PR)
Coordenação Logística: Joesér Alvarez - Associação Coletivo Madeirista – ACME (Porto Velho/ RO)