quarta-feira, 24 de julho de 2013

MANIFESTO PELO CUSTO PERIFÉRICO!

MANIFESTO PELO CUSTO PERIFÉRICO: Nós, artistas, produtores, técnicos, professores, pesquisadores, trabalhadores e amantes das artes e das culturas amazônidas e paraoaras, vivemos, trabalhamos e produzimos nas periferias, somos vitimas constante da ação violenta da policia. Aqui o buraco é mais em baixo, a polícia mata! Nesse sentido, denunciamos a politica de extermínio da juventude da periferia de Belém pela Policia do Estado, e em especial a Negra, razão pela qual entendemos que além de gritar Fora Paulo Chaves, é necessário clamar por politicas culturais para a juventude da periferia. Exigimos uma politica cultural inclusiva para que possamos nos expressar perante o mundo e desta forma nos realizar enquanto seres: que as vozes irmanadas gritem por teatros, salas de cinema, espaços de multiuso, cursos profissionalizantes, editais específicos. Na PERIFERIA.
(...)
Um movimento de artistas não deve reduzir suas reivindicações à democratização dos recursos públicos, mas questionar a própria estrutura de financiamento da cultura, do contrário sairá das mãos dos marchands para a rede do capital privado, sob o domínio da burocracia estatal.
Se a arte entra no jogo do mercado como necessidade de sobrevivência dos artistas periféricos na selva do capital, ela não deve se reduzir ao jogo da economia da cultura.
O jogo de selos, portfólios, logos, tudo deve ser questionado quando se pensa em arte livre.
Denunciamos, portanto, este jogo sórdido do campo cultural subordinado aos interesses e regras de instituições governamentais, empresas, leis e organizações não governamentais, cujas práticas não vão ao encontro das comunidades excluídas dos processos culturais.
Uma arte livre deve ser autônoma, não deve ser apenas resultado de uma oferta do Estado, de espaços para sua exibição e fomento. Esse espaço também deve ser construído por fora, de maneira autônoma a qualquer instituição.
Arte e cultura são conhecimentos ancestrais constitutivos do humano, em especial na Amazônia, e não ferramentas ou indicadores de ascensão econômica e social, e por isso manifestamos latente preocupação quanto a esta abordagem.

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Se nos perguntarmos qual o valor do artista para a política cultural paraense, rápido chegaremos a um consenso.
É consenso para todos nós que o valor da cultura é simbólico.
Quanto a isso, não há o que divergir.
Mas não há dinheiro que pague um poeta, muito menos a sua poesia, ainda que o mercado possa comercializar seus livros, consequentemente, o (pseudo) jornalismo e crítica acadêmico-mediáticos os reverberem nesta roda da fortuna da indústria cultural.
Um poeta não tem valor, embora seja simbólica a sua produção cultural e ainda mais real seja a sua intervenção na comunidade, a qual é totalmente “invisível” aos olhos dos lucros indústrias - que lhe condenam ao anonimato de forma a privilegiar os interesses dos grupos culturais que traficam a verdadeira arte do povo para o mercado.

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Como diz Buscapé Blues, mas quando o assunto é financeiro é cada um por si, cada um por si, cada um por si.
Numa perspectiva econômica o Estado não pode apenas privilegiar quem faz e/ou produz objetos/produtos para o mercado.
O Estado até pode ajudá-lo, mas mantê-lo e ignorar o artista da periferia, jamais.
O Estado como indutor da economia não pode privar o artista popular e a arte que se cria na periferia dos direitos ao acesso aos recursos, bens e às estruturas culturais, que em tese deveriam ser disponibilizados a toda a sociedade.
O Estado não pode permitir que a arte periférica fique à deriva do mercado.
E quando falamos MERCADO queremos dizer a academia, a instituição, a mídia e todos os seus ecos nas redes sociais.
O papel do Estado é o de distribuir recursos à sociedade que afinal lhe paga tributos.

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Os movimentos cultuais se articularam e historicamente ampliaram as suas conquistas, algumas traduzidas nas políticas de editais, que são na verdade resultados de demandas populares.
Porque apenas com pressão é que alcançamos os nossos objetivos, as nossas metas. Com pressão somos capazes de ter mais força para negociar.
Mas hoje os editais estão dirigidos para os grupos que atuam no mercado, deixando muito menos que migalhas à periferia.
Há portanto um setor ainda excluído, fartamente excluído, e o Estado tem de ser responsabilizado e assumir este fato.
O que está excluído da política cultural é a periferia.
Nesse sentido, propomos – á exemplo do CUSTO AMAZÔNICO – o Custo Periférico, uma política específica de editais e recursos para ações protagonizadas por artistas e produtores culturais que são ou que agem nas periferias.

ASSINAM ESTE MANIFESTO *

Angelo Madson - Idade Medi@ Comunicação para Cidadania...
Arthur Leandro, artista, professor e militante
Andrea Scaff, cineclubista
Adilson Santos, poeta (BOI VAGALUME)
Alessandra Nunes, intérprete (Kem Pariu Eutanázio)
Buscapé Blues, cantor, compositor
Bruna Suelen, artista
Clei de Sousa, poeta e professor
Caeté, poeta
Cuité, artista popular
Carpinteiro (Francisco Weyl), poeta, realizador e jornalista
Gideon, intérprete (Kem Pariu Eutanázio)
Fernando Pádua, artista
Flávio Gama, artista popular
João Lúcio Mazinni, professor e ativista cultural
Luah Sampaio, ativista cultural
Manoel do Vale, escritor
Marco da Lama, poeta
Mateus Moura, realizador e cineclubista
Ronaldo Rony, cartunista
Priscila Duque, jornalista ativista cultural
Sandro Bar Bosa, poeta popular

* ABERTO A MAIS ADEÕES NAS REDES SOCIAIS (ASSINE TAMBÉM)