terça-feira, 29 de março de 2016

Memórias transeúntes

Memórias transeúntes

Belém, 29 de março

Saio do terreiro, levo comigo galhos e folhas, minha função, retornalos a terra
Na cidade em determinado momento quando o sol baixa paira sobre os caminhos o medo
Sou o estranho que passa, um possível perigo
Em vias de fluxos de carros  sou a luz amarela dos postes por onde os farois passam, apressados
Sou quem movimenta esse fluxo, ao ouvir o ruído da corrente  o estalar da catraca, o pedal que gasto mia feito um gato, apresso quem passa
Todos me olham, de frente, pelos lados, pelas costas ou de cabeça baixa; sou observado
Pecebem que é momento de andar, de movimentar-se, de buscar um caminho
A corrente cai, percebo que já estou próximo de onde moro, preciso mudar os trages, as linguagens de um negro de sapato e blusa florida
Algumas/Alguns comprinto para aliviar a tensão  e o desconforto que trago com o som da bike; há quem responda, quem baixe a cabeça, quem talvez não ouça
A insegurança me atravessa, peço proteção, os giroflex são sinal de que é área vermelha, bem vijiada e a qualquer momento, sem muito, pode ser vermelha do meu sangue
A corrente cai, tiro os sapatos, errolo a beira da calça e no saco que antes tinha galhos e folhas ponho uma parte de minhas memórias
Estou quase em casa, no clipe perto da feira apreensivos: homens e mulheres esperam algo, como quem espera alguém chegar no ultimo cristo Guamá-pátio-Belém
Parece que minha sobra sob o poste aproxima as pessoas que esperam
Mulheres, homens, taxistas... todos me observam, quando passo sinto um alívio, estou mais perto de casa
A corrente cai, paro, ainda estranho, descalço, sem camisa, com um saco nas costas
Saem uma mulher e um homem da casa a frente, dicutem, ouço ela pedir a chave, ele não responde e segue, ela segue atrás, vão em direção ao clipe, olhoos pelas costas da sombra de uma castanhola, engato a corrente e sigo
Na entrada do riacho uma mulher de pijama e sandálias espera alguém, está tensa, dou boa noite, ela responde e eu passo
Chego na rua de casa e desço, meio ofegante, com um frio no peito, cabeça a mil, entro em casa e solto o saco na frente do ventilador velho que só pega no 2, ainda de pé, já penso nos corres e caminhos de amanhã
É bom estar em casa, mas  a rua é o espaço também de sentimentos, onde o "espetáculo" da urbanização colônial em meio a floresta, produz outros atores, contos e contra controle
Aueto meu pai, os caminhos que me guias.
sem correções.
Weverton Ruan Rodrigues