quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Pré-estréia do filme RAÇA de Joel Zito Araújo, na Casa da Linguagem em Belém.



O Grupo de Estudos Afro-Amazônico (GEAM) e o CEDENPA, convidam para participar da Pré-estreia do filme "Raça" do Cineasta Joel Zito Araújo e Megan Mylan, que será exibido na Casa da Linguagem no dia 25/01/2013, às 19h00 com entrada franca.


Raça - o filme trata da identidade racial no país, focando nas histórias de três cidadãos negros que se destacaram pelo trabalho em defesa da igualdade racial: Netinho de Paula, Paulo Paim e Miúda dos Santos.
Os três personagens foram escolhidos a partir do trabalho que desenvolvem em favor da paridade. Cantor e empresário, Netinho de Paula é vereador reeleito pelo Partido Comunista do Brasil (PC do B) de São Paulo. Paulo Paim, do Partido dos Trabalhadores (PT) do Rio Grande do Sul, é senador e foi quem instituiu o Estatuto da Igualdade Racial. Miúda dos Santos, neta de africanos escravizados, é ativista quilombola.
Parceria – Joel Zito Araújo dirigiu a obra em parceria com a norte-americana Megan Mylan. Eles anunciaram que toda a renda obtida com a bilheteria do filme será destinada ao Fundo Baobá para Equidade Racial, instituição que apoia e estimula a filantropia para a justiça social no país. Segundo ele, a proposta é que o filme seja mantido em cartaz pelo maior tempo possível. A ideia é garantir o estímulo a outros projetos que visem a igualdade.
O cineasta Joel Zito e a documentarista norte-americana Megan Mylan se tornaram amigos na década de 1990. Em 2004, surgiu a ideia que dirigissem juntos a um filme que foi o longa-metragem Raça. Megan, vencedora do Oscar com o documentário Smile Pinki (2008), decidiu junto a Joel Zito, acompanhar de perto durante cinco anos as três personalidades-chaves da obra, onde buscaram captar o debate racial que se tomou os espaços da mídia no século XXI.
Registros - As cenas foram feitas entre os anos de 2005 e 2011. Para cada personagem, os cineastas dedicaram cerca de três anos. A preocupação dos diretores em examinar o tema de forma ampla se revelou por meio da escolha de personagens de diferentes regiões do país – Brasília, São Paulo e Espírito Santo – envolvidos em projetos díspares que têm em comum a busca da superação da desigualdade racial.
Eles acompanharam os esforços do senador Paulo Paim para fazer com que a Lei do Estatuto da Igualdade Racial fosse aprovada no Congresso Nacional, em Brasília. Autor do projeto original que demorou quase uma década para ser sancionado, Paim se emociona ao discursar no Supremo Tribunal Federal, em um debate tenso: “Eu não quero nada. Só deem oportunidade para um povo que sempre foi excluído. Só quem é negro sabe o quanto que é difícil essa caminhada”, afirmou.    
“Por trás dos personagens quisemos mostrar histórias que contemplassem a diversidade de renda e gênero no universo específico da população negra brasileira”, diz Joel Zito. Para Megan, foi um privilégio acompanhar o momento histórico de transformação social no Brasil. “Queremos utilizar o poder de cinema, de uma história bem contada, para discutir como um Brasil moderno pode ser um país que valoriza a diversidade e a inclusão”, explica a documentarista.         
Ativismo - Outra luta, a de Miúda, é representada em sua busca pelo direito a posse das terras da Comunidade Quilombola de Linharinho, no Espírito Santo, e pelo respeito às suas tradições ancestrais. Junto aos moradores da região, Miúda briga contra uma grande empresa do ramo da celulose. “Desde a década de 70, uma grande plantação de eucalipto tomou todos os territórios”, denuncia a ativista.
“Os quilombolas são povos tradicionais que têm sua cultura, sua religião de matriz africana, danças e comidas típicas. Ficamos confinados”, conta Miúda durante o protesto organizado pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq).
O documentário também mostra os bastidores da trajetória do cantor, apresentador e empresário Netinho de Paula durante todo o processo de criação e tentativa de consolidar seu canal TV da Gente. Fundado em 2005, no interior de São Paulo, o canal formado majoritariamente por profissionais negros foi idealizado por Netinho, que explica, durante uma entrevista, que “a democracia racial no Brasil não existe no campo das comunicações. O país está caminhando para uma mudança e a TV faz parte de uma mudança”, diz o artista.