quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Solidariedade ao historiador João Lúcio Mazzini da Costa.

Venho através deste manifestar o apoio e a solidariedade ao historiador João Lúcio Mazzini da Costa, que vem sofrendo ameaças pelo iminente lançamento do livro “DANDO NOME AOS BOIS”, livro que é resultado de extensa pesquisa sobre o apoio de civis à ditadura militar no Estado do Pará.

Para entender o caso:
João Lucio Mazzini da Costa. Paraense, 51 anos, graduado em história pela UFPA, especialista em Museus pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo, pesquisador do Arquivo Público do Estado do Pará- APEP da Secretaria de Cultura do Estado do Pará-SECULT, professor de história do ensino médio da Secretaria de Estado da Educação do Pará-SEDUC. Autor dos seguintes livros: Viva o Rei Congo, Amazon River, Dando nome aos Bois. Foi diretor do Arquivo Público do Estado do Pará e atualmente é Conselheiro Nacional de Cultura, setor de Arquivos.
O Livro “Dando nome aos Bois”, de autoria do historiador e professor de história João Lucio Mazzini da Costa, descreve de forma minuciosa as artimanhas que os civis no estado do Pará utilizaram para derrubar o governo constitucional do Presidente João Goulart. Nesse sentido detalha o ingresso dos golpistas nos órgãos de imprensa escrita, televisionada e falada. Detalha o papel que tiveram para criar um sentimento positivo da necessidade do golpe. Comenta a participação de parte da hierarquia da igreja católica, no apoio ao golpe ocorrido no dia 1º de abril de 1964 em Belém, em especial o papel do bispo do Pará d. Alberto Ramos na famosa três horas da agonia, as véspera do golpe e a sua ida a televisão marajoara p denunciar a presença no clero da Pará de comunistas. Os civis aliado aos militares golpistas se organizaram em quatro grupos para atuarem e nesta ação destacou-se o grupo paramilitar de direita capitaneado pelo coronel Jarbas Passarinho e o Major Ramos que lideraram as ações armadas contra os democratas, inclusive com a ação armada de metralhar a casa do presidente da CGT, Raimundo Jinkings. Por fim nos brinda com o nome de civis que financiaram e apoiaram a instalação da ditadura militar.
Com a data marcada para o lançamento do livro, alguns parentes de personagens que contribuíram com a implantação na Amazônia desse período cinzento da história brasileira, se sentiram ofendidos e ameaçam o autor da pesquisa. Circula nas redes sociais uma denúncia de ameaça supostamente proferida pelo cidadão Bruno Toscano contra o autor do livro, mas sabemos que outras famílias também preferem ver essa história no subterrâneo da memória.

Por acreditar no direito à informação e no direito à verdade, declaro meu irrestrito apoio à publicação da pesquisa do professor João Lúcio.


Convite - Inauguração do monumento à Mãe Doca.


Convidamos a todos que lutam contra o racismo e pela valorização da cidadania e dos direitos humanos a comparecer na inauguração do Monumento em Memória de Mãe Doca (Noche Navakoly) no amanhecer do dia 6 de março de 2014 na esquina da Tv. Humaitá com a Av. Duque de Caxias, Belém/PA. Noche Navakoly (Mãe Doca) é o símbolo da resistência dos Povos de Tereiros de Belém. Mãe Doca era natural de Codó/MA, filha de santo do africano Manoel-Teu-Santo, seu Vodum é Nana e Toy Jotin, mas também recebia Seu Inambé. Ela foi presa várias vezes e ainda assim não desititu da luta pelo direito à consciencia relgiosa. Manteve até 1969 o seu Terreiro de Nagô Cacheu fundado em 18 de março de 1891 na Tv. Humaitá próximo à Duque de Caxias, o terreiro enfrentou a polícia e todos os tipos de preconceito em nome do direito ao culto religioso. Este ano de 2014, lhe rendemos a homenagem lhe presenteando um monumento público.
Período: das 7:30 as 10:30. Mais informações com Tata Kinamboji - 91-80353377, 99333077

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

NÓS DE ARUANDA - ARTISTAS DE TERREIRO vai até 11 de abril.

ATENÇÃO PROFESSORES, ESCOLAS DA REDE PÚBLICA E PARTICULAR, A EXPOSIÇÃO "NÓS DE ARUANDA" GANHOU MAIS DUAS SEMANAS (até 11 de Abril), E ESTAMOS COM A PROPOSTA PARA AS ESCOLAS DE VISITAÇÃO NA EXPOSIÇÃO. com base na Lei 10.639 que torna obrigatória a inserção da História e cultura dos Africanos e Afro-Brasileiros nos conteúdos dos currículos escolares. Galeria Theodoro Braga Horário de 9 às 19 HS. De Seg à Sex. Agendamento: Auri Ferreira 82601610 ou na Galeria: (91) 3202-4313



A partir do dia 7 de março de 2014, começará a segunda versão da exposição Nós de Aruanda na galeria de arte Theodoro Braga na Fundação Tancredo Neves (CENTUR). Assim como na primeira exposição, realizada em 2013, o projeto visa a inserção e legitimação dos artistas de terreiro no circuito artístico de Belém e de todo o estado do Pará.
Tata Dianvula/ Alex Leovan, fotografias manipuladas em laboratório.

Com realização e curadoria do Grupo de Estudos e Pesquisa Roda de Axé (GEP), essa segunda edição da exposição reúne 50 artistas de vinte terreiros, incluindo coletivos como o AFAIA, Grupo Bambaré e o Coletivo Corpo Sincrético que apresentam como obras: esculturas, performances, intervenções urbanas, fotografia, música, entre outras linguagens.
Entre as motivações do trabalho do GEP – Roda de Axé, busca-se “a resistência pelo direito à consciência do sagrado de Povos Tradicionais de Terreiros de Matriz Africana no Pará em exposição coletiva, onde esperamos contemplar a diversidade dessa produção periférica, como um discurso afirmativo do protagonismo afro-amazônico na produção de poéticas visuais”. E por essa razão, todo o processo de construção está baseado no respeito à coletividade e na valorização da diversidade, bem como o esforço em tirar do anonimato e do silenciamento, a luta de mulheres negras e afro-religiosas, como a história de Mãe Doca, a homenageada da exposição.
Instalação de Babá Tayando.

A homenageada
Mãe Doca é Nochê Navakoly, maranhense de Codó cujo nome de batismo civil era Rosa Viveiros, iniciada nas tradições afro-brasileiras pelo africano ManoelTeuSanto, seu Vodun era Nanã e Toi Jotin. Por cultuar divindades africanas e preservava as tradições de matriz afoamazônica, Mãe Doca foi presa diversas vezes na década de 1890, quando a abolição já havia sido declarada. E apesar de toda a violência sofrida, Nochê Navakoly jamais desistiu de manter aberto em Belém o Terreiro de Tambor de Mina, lugar sagrado onde mantinha preservadas as tradições de suas origens.

A origem do projeto
O professor e pesquisador Arthur Leandro (Instituto de Ciências da Arte da Universidade Federal do Pará), o Tata Kinamboji, recorda que no ano de 2008 quando saía com seus irmãos de santo de uma cerimônia realizada no Forte do Castelo em Belém, convidou-os para verem sua obra exposta no Museu da Casa das 11 Janelas, mas o grupo manifestou que aquele espaço não seria um lugar para o povo de terreiro
Afirma o professor que, “todo o movimento de realizar essa exposição é também um projeto político para mostrar ao povo de terreiro que qualquer lugar é lugar pra gente e que quem faz nossos lugares somos nós, que depende de nós a nossa legitimação nesses espaços que até então eram únicos e exclusivamente de deleite da elite”.
Foi então que em 2011 durante as aulas do curso de especialização em Saberes Africanos a Afrobrasileiros na Amazônia do Grupo de Estudos Afro-Amazônicos da Universidade Federal do Pará (GEAM/UFPA), surgiu a ideia da exposição, efetivada em 2013 e mantida em 2014.

Programação
Além da exposição, acontecerão:  Rodas de conversa com artistas e pesquisadores nos dias 14, 21 e 28 de março. Sempre às 15h. Performances no dia 7 de março com Bruno B.O. (Hip­hop), Carlos Cruz (performance de rua) e Nazaré Cruz (tranças e moda afro). Dia 14 de março com o Coletivo Corpo Sincrético (O corpo trai), Zezinho do Mocambo (Corporeidade). Dia 21 de março com Alan Fonseca e Sttefane Trindade (A cabaça de Anansy) e Ekedy Janete. Dia 28 de março com o coletivo AFAIA, Grupo Bambarê (Griot) e Duda Souza (Um (en)canto de Oxum). Sempre a partir das 18h. Exibições da Rede de Cineclubes de Terreiro/ PARACINE nos dias 11 de março, 18 de março e 25 de março, a partir de 16h.

Samantha Silva - Museu da encruzilhada.

Serviço: Exposição Nós de Aruanda de 7 a 28 de março de 2014, na Galeria Theodoro Braga | Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves | Endereço: Av. Gentil Bittencourt, 650, Térreo. Belém (PA). | Telefone: (91) 3202-4313. O acesso é gratuito e horário de funcionamento da Galeria é de 9h às 18h, exceto às segundas-feiras. Confira a programação completa no blog http://afroamazonico.blogspot.com.br/

Artistas AFAIA e Grupo Bambaré - Ilê Axé Iyá Omi Ofá Kare Bia Cabral - Casa de Umbanda Ogum Beira-Mar e Mamãe Oxum Babá Kyssudã (Natanael Faro) - Ilê Ase Oyá Mesen Babá Tayandô (Luiz Loureiro Cunha) - Seara de Umbanda Ogum Beira-Mar Carlos Vera Cruz - Mansu Nangetu Cézar Elias - Terreiro Casa de Ogum e Yemanja. Coletivo Corpo Sincrético - Ilê Asé Omindê. Duda Souza - Terreiro de Mina do Caboco Pena Verde Ekedy Janete Oliveira - Seara de Umbanda de Pena Verde Élida Neves - Terreiro de Umbanda Cabana Caboclo Rompe Mato Isabela do Lago - Mansu Nangetu Katia Jurema - Terreiro de Pai Caduca Lucivaldo Sena - Mansu Nangetu Mc Bruno B.O - Mansu Nangetu Mãe Izabel - Raizô Erê Mam'etu Muagilê (Elizabeth Leite Pantoja) - Rudembo Nagunzo ti Baburucema Mam'etu Nangetu (Oneide Monteiro Rodrigues) - Mansu Nangetu Nazaré Cruz - Ilê Iyaba Omi Ogã Pereira - Ilê Axé Baba Abuque Ogã Valter Vieira, Yá Tundê (Edivânia), Eleanor Palhano - Ilê Asé Agaronilê Pejigan Oba Gankonã (Alan Fonseca) e Sttefane Trindade - Funderê Oya Jokolocy Samantha Raissa - Tenda Espírita de Umbanda Cabocla Yacira Tata Kafunlumizô (Ângelo Imbiriba) - Inzo d"Angola Lua Branca Tata Djanvula (Aléx Leovan) - Mansu Nangetu Tata Kafungueji (Rodrigo Barros) - Rudembo Ngunzo ti Baburucema Tata Kinamboji (Arthur Leandro) - Mansu Nangetu Tata Kitauange (Deleam Cardoso) - Mansu Nangetu Zezinho do Mocambo - Terreiro do Pai Loroji
Curadoria Grupo de Estudos e Pesquisa Roda de Axé, pesquisadores: Alan Patrick da Costa Fonseca/// Alef Monteiro de Souza/// Amadeu Lima de Deus/// Arthur Leandro/// Aurilene Pereira Ferreira/// Eleanor Gomes Palhano/// Isabela do Lago /// Joao Simões Cardoso Filho/// Jocimara Fideles Alves/// Katia Simone Alves de Araujo/// Lorena Alves Mendes/// Marilu Marcia Campelo/// Mírian Aparecida Tesserolli/// Raimundo Jorge Nascimento de Jesus/// Shirley Muryel Ferreira Albuquerque/// Sttefane da Costa Trindade/// Walter Hugo Diaz Pinaya/// Zélia Amador de Deus 

Rodas de conversa com artistas e pesquisadores, sempre as 15h: 14 de maço/// 21 de março/// 28 de março

Programação de performance, sempre a partir das 18h:
7 de março - Bruno B.O. (Hip-hop)/// Carlos Cruz (performance de rua)/// Nazaré Cruz (tranças e moda afro).
14 de março - Coletivo Corpo Sincrético (O corpo trai)/// Zezinho do Mocambo (Corporeidade).
21 de março - Alan Fonseca e Sttefane Trindade (A cabaça de Anansy)/// Élida Neves e Ekedy Janete
28 de março - AFAIA e Grupo Bambarê (Griot)/// Duda Souza (Um (en)canto de Oxum).

Programação da Rede de Cineclubes de Terreiro/ PARACINE. Terças-feiras, 15h -


11 de março, 15h - Velhos Baionaras, Tesouros Vivos (Documentário, direção Stéfano Paixão. Pará/ BR, 50 min, 2012). Sinopse: recorte poético visual da memoria afetiva e popular da cidade Baião, através de depoimentos daqueles que muito já contribuíram ou ainda contribuem para construção da identidade local. Este projeto é resultado da Bolsa de Experimentação, Pesquisa e Divulgação Artística 2012 pelo Instituto de Artes do Pará (IAP) e celebra os 318 anos da cidade paraense de Baião, região do Baixo-Tocantins. A grandeza do povo baionara pede passagem e convida vossos olhos a penetrar neste universo ímpar, de um povo moreno, brejeiro e amazônida.

18 de março, 15h - O sagrado é ecológico no Candomblé Angola. (Educativo, filme coletivo: Alessandro Ricardo Campos, Anderson Johnny dos S. Nunes, Arthur Leandro, Kátia Simone Alves Araújo, Renato Trindade, Mametu Nangetu, Mametu Deumbanda, Táta Kinamboji, Táta Kamelemba, Muzenza Vanjulê. Pará/ BR, 22 min, 2012). Sinopse: Ação educativa e prática de saberes culturais na construção da educação ambiental na comunidade do Terreiro Mansu Nangetu.

25 de março:
15h - Terreiro de Iyá. (Documentário, direção: Artur Arias Dutra, Yasmin Alves e Cristiane Salgado. Pará/ BR, 24 mim, 2013). Sinopse: Após a passagem da centenária Mãe Etelvina, líder espiritual da Tenda São Jorge e Jarina na Ilha de Cotijuba (PA), acompanhamos o ritual onde os filhos mais velhos, Seu Manoel e Dona Roberta, assumem os trabalhos no terreiro. Um registro raro que compõe o documentário sobre esta comunidade religiosa.
15:30 -  Terreiro de Mina. (Documentário, direção Edvaldo Moura, Pará/BR, 2013). Sinopse: documentário sobre o Terreiro de Mina Nanã Buruquê, que completou 30 anos em 2013, na cidade de Castanhal/PA. Através das imagens do terreiro e do depoimento de Mãe Ana Rita, o curta mostra a beleza da Umbanda e da religiosidade afrobrasileira. Vencedor do V Festival de Curta Metragens Curta Castanhal, em 2013, na categoria geral.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

FUMBEL garantiu: Afoxé Ita Lemi vai abrir o desfile oficial das escolas de samba de Belém.

Marcos Marques e Babá Omioryan acertaram a participação do Afoxá no Carnaval de Belém.

Cobrada pelas redes sociais e pelos blogs dos Povo de Terreiro, a presidente da FUMBEL, Eliana Jatene, chamou representantes do Afoxé Ita Lemi Sinavuru para esclarecer dúvidas sobre a participação do "Bloco Afro do Pará"  na programação oficial do Carnaval 2014 em Belém do Pará.
A reunião aconteceu nesta quarta-feira, 12 de fevereiro com a presença do Babá Omioryan (Emanuell Souza) representando o Ita Lemi Sinavuru.
 Os representantes da prefeitura se declararam surpresos tanto com a notícia quanto com a repercussão do caso, e disseram que nunca tiveram a intenção de excluir o Afoxé da programação. Segundo o Diretor de Ação Cultural da FUMBEL, Marcos Marques, tudo não passou de um mal entendido a partir de um problema com documentação, mas que assim que se desenrolou o processo naquela fundação, a prefeitura garantiu, sim, a participação do Afoxé.
Babá Omioryan informou ao blog, por telefone, que saiu da reunião com acordo firmado que o Afoxé Ita Lemi Sinavuru vai abrir o desfile oficial das escolas de samba do grupo especial no sábado, dia 23 de fevereiro, as 19h, na Aldeia Cabana de Cultura Popular David Miguel, e que é possível, também, a participação no carnaval do Outeiro, mas que no Outeiro vai depender dos compromissos que o Afoxé já acertou em outras cidades.

Entenda o Caso:
No final de janeiro de 2014 o cantor, compositor e autoridade tradicional de terreiro de matriz africana, Babá Edson Catendê, denunciou nas redes sociais a exclusão do Afoxé Ita Lemi Sinavuru e Banda Afro Axé Dudu da programação oficial do carnaval de Belém em 2014.


A denuncia de Babá Edson provocou a revolta das comunidades tradicionais de terreiro de matriz africana, que compartilharam massivamente tal denúncia.
A partir do início de fevereiro, a notícia foi publicada em blogs e se espalhou pela internet.
Principais publicações em blogs e sites:
http://etetuba.blogspot.com.br/2014/02/prefeitura-de-belem-afronta-o-povo.html
http://olhosnegros.org/?p=915
http://www.portalafricas.com.br/prefeitura-de-belem-afronta-o-povo-tradicional-de-terreiro-e-exclui-o-afoxe-italemi-sinavuru-da-programacao-do-carnaval/#.Uvw6RfldU0I


domingo, 2 de fevereiro de 2014

Prefeitura de Belém afronta o povo tradicional de terreiro e exclui o Afoxé Italemi Sinavuru da programação do carnaval 2014.

Vaja o desfecho do caso neste LINK

Com a censura à apresentação do afoxé no carnaval de Belém de 2014, o prefeito Zenaldo Coutinho e a presidente da FUMBEL, Eliana Jatene, expõem diretrizes racistas na gestão pública e colocam a capital paraense na contramão da política de igualdade racial do Brasil e do mundo.

A Prefeitura Municipal de Belém, através da FUMBEL, ignorou a presença negra na Amazônia e neste ano de 2014 descartou a participação do Afoxé Ita Lemi Sinavuru da abertura dos desfiles do concurso oficial de blocos e escolas de samba de Belém.
Babá Edson Catendê, fundador, compositor e principal articulador do Afoxé Ita Lemi Sinavuru, comandando o cortejo de 2013.

Contrariando a política pública da promoção da invisibilidade negra no Pará por parte da prefeitura de Belém, lembramos que foi no Pará, no município de Oriximiná, que pela primeira vez uma comunidade quilombola recebeu o título coletivo de suas terras, no ano de 1995. E é nesse Estado que se concentra o maior número de terras quilombolas tituladas - já se sabe da existência  de 240 comunidades quilombolas paraenses - e acredita-se que muitas outras ainda serão identificadas
Também é pública a informação de recente pesquisa do governo federal coordenada pelo MDS (disponível no link http://www.mds.gov.br/gestaodainformacao/disseminacao/alimento-direito-sagrado/Alimento_Direito%20Sagrado_web.pdf/view ) em que foram identificados mais de mil terreiros na zona metropolitana de Belém.
Elza Rodrigues, no artigo "Bloco Afro Axé Dudu: polêmica negritude" (disponível no link http://www.cpvsp.org.br/upload/periodicos/pdf/PCUIRPA001990005.pdf ) nos conta que desde 1987 o carnaval de Belém é aberto por cortejos que afirmam a identidade negra na Amazônia. Foi nesse ano que o  Centro de Estudos e Defesa do Negro no Pará/ CEDENPA fundou o "Bloco Afro Axé Dudu", organização carnavalesca que antecedeu o Afoxé Ita Lemi Sinavuru, e, somando os desfiles das duas agremiações, hoje essa tradição já dura 27 anos, ou um quarto de século.



Os afoxés e blocos afro já estão na memória do povo tradicional de terreiro de matriz africana do Pará, como podemos ver no relato de Nego Banjo, relato em que ele conta que "das rodas de samba informais foram formados dois afoxés (Italemi e Bandagira) que são liderados por sacerdotes e desfilam na avenida dos festejos oficiais no período do carnaval, somando a outro que já existia: o Bloco Afro Axé Dudu, dirigido pelo CEDENPA. Com os Afoxés difundimos a nossa crença e visão de mundo para além dos muros dos terreiros, e eu componho pros dois e tem ano que ambos cantam música minha..." (Nego Banjo em entrevista à Tata Iya Tundele e Tata Kinamboji, disponível em  http://www.overmundo.com.br/overblog/entrevista-com-nego-banjo)
Como podemos perceber nos relatos e na memória do povo tradicional de terreiro de matriz africana, o Afoxé Ita Lemi Sinavuru atua como um instrumento de visibilidade do povo e das culturas e das tradições afro-amazônicas, e seu desfile valoriza a luta e resistência contra o racismo e todas as formas correlatas de preconceito, principalmente no combate à intolerância religiosa, aglutinando todos os adeptos das religiões de matriz africana, ameríndias e simpatizantes.


Vídeos do desfile do Afoxe Italemi Sinavuru na abertura do Carnaval de Belem 2010

O Ita Lemi tem como principal articulador o cantor e compositor Edson Catendê. Foi fundado em 10 de janeiro de 2003 no Mansu Nangetu, a partir de uma articulação coordenada pela Associação de Filhos e Amigos do Ilê Axé Iyá Omi Ofá Kare/ AFAIA, Instituto das Tradições e da Cultura Afro-brasileira/ INTECAB, e pelo Instituto Nangetu, e durante uma década desfilou na abertura do carnaval na Aldeia Cabana de Cultura Popular David Miguel e nos desfiles de Icoaraci e Outeiro, marcando a presença do cortejo alegórico afro-amazônico nas diversas passarelas do samba espalhadas pelos distritos da capital paraense, e com ele já são dez anos divulgando o patrimônio cultural afro-amazônico.
Desfile do Ita Lemi Sinavuru em 2013.

Em 2013 a Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas/ ONU aprovou década intitulada "Pessoas Afrodescendentes: reconhecimento, justiça e desenvolvimento", que será celebrada de 1º de janeiro de 2015 a 31 de dezembro de 2024 com o objetivo de aumentar a conscientização das sociedades no combate ao preconceito, à intolerância e ao racismo. "A resolução aprovada pede que se inicie um processo de interlocução com os países-membros, visando discutir a implantação da década. Ela também é importante porque dá mais visibilidade ao tema nos fóruns internacionais, o que faz com que os países-membros da ONU comecem a dar importância à temática", explica o assessor internacional da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), diplomata Albino Proli. Proli destaca que a resolução também recomenda aos 192 países-membros diretrizes políticas para atender às demandas da população negra no mundo. “A resolução reafirma os propósitos de combate ao racismo e promoção da igualdade racial em nível mundial, já firmados na 3ª Conferencia Mundial contra o Racismo, a Xenofobia, a Discriminação Racial e Intolerância Correlata, que aconteceu em Durban no ano de 2001”.
O Governo brasileiro empenhou-se diretamente no processo de negociações que levou à proclamação da Década afro-descendente da ONU, e também em 2013 a SEPPIR-PR lançou o Plano Nacional de Sustentabilidade de povos Tradicionais de matriz Africana, e este plano em seu primeiro objetivo. Diz: “Promover a valorização da ancestralidade africana e divulgar informações sobre os povos e comunidades tradicionais de matriz africana” em iniciativas como “Realizar Campanha Nacional de informação e valorização da ancestralidade africana no Brasil”.
Iniciativas como a do Afoxé Ita Lemi Sinavuru se antecipam em uma década ao plano governamental e às diretrizes da ONU, e com a censura à apresentação do afoxé no carnaval de Belém de 2014, o prefeito Zenaldo Coutinho e a presidente da FUMBEL, Eliana Jatene, expõem diretrizes racistas na gestão pública e colocam a capital paraense na contramão da política de igualdade racial do Brasil e do mundo.