Abordar
a questão da Intolerância em sua múltiplas facetas requer, dentre
outras coisas um conhecimento tanto de nosso passado como de nossa
própria história, que ao longo desses mais de quatrocentos anos
tratou a figura do negro de forma descontextualizada, em seu processo
histórico e o mais grave que é o continuo estágio de desumanização
de sua condição humana.
Vive-se
em um país que trás em sua Carta Mágna de forma pontual em seu
artigo quinto, um posicionamento neutro com relação ao campo
religioso, instituindo desta forma o. Estado Laico, no qual deveria
haver espaço para a discriminação de qualquer forma.
No
entanto, próprio processo histórico de construção de nossa Nação
nos diz e comprova o contrário, uma vez que o componente cultural
negro ainda é tratado à margem deste processo como uma verdadeira
mácula; como algo de menor valor, negligenciando sua contribuição
inconteste para a formação de cultura.
Diante
deste estado de contradições, pode-se dizer seguramente que o
Brasil é um país intolerante, principalmente no tocante ao ao
aspecto religioso. E o mais nocivo ao desenvolvimento de uma Nação
é quando constata-se que tais questões ainda são tratadas de
maneira subterrânea, tentando escamotear os fatos, negando às
pessoas o livre arbítrio por suas escolhas, crenças e tradições.
Neste momento é pertinente lembrarmos da reflexão do poeta italiano
Giácomo Leopardi: " Nenhuma qualidade humana é mais
intolerável do que a intolerância". Não importa a denominação
que tenha o seu credo religioso: Budismo, Cristianismo, Candomblé,
Espiritismo, Hinduísmo, Islamismo, Umbanda. Não é mais cabivel
usar o julgamento de superioridade para justificar e disseminar
atitudes segregados e individualistas.
A
intolerância já é considerada por muitos estudiosos do
comportamento humano um dos fatores determinantes para o crescimento
de diversas formas de violência em todo o Brasil. Agressões
verbais, invasão e depredação de espaços religiosos,
espancamentos, linchamentos e assassinatos estão se tornado lugar
comum. É estarrecedor, mas estamos voltando ao estado da mais
completa barbárie. Resultado de uma aguda eneficiência e omissão
do Estado, da população em geral por cultivar atitudes racistas e
preconceituosas, perpetuando uma tradição de desrespeito aos
direitos humanos.
AXÉ
MATINJALÔ AYÊ
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