domingo, 30 de março de 2014

Vereadora Sandra Batista solicitou à Câmara de Belém uma manifestação de solidariedade ao povo de terreiro.

Damos através deste ciência do Requerimento de autoria da VEREADORA SANDRA BATISTA, solicitando que a Câmara Municipal envie VOTOS DE SOLIDARIEDADE AO POVO DE TERREIRO PELA DESTRUIÇÃO DO MONUMENTO EM HOMENAGEM A MÃE DOCA ERGUIDO NO DIA 06 DE MARÇO DO CORRENTE, NA ESQUINA DA HUMAITA COM A DUQUE DE CAXIAS, NO BAIRRO DO MARCO.

A destruição do monumento erguido em homenagem a Mãe Doca significa um atentado contra a democracia e a liberdade religiosa e que traz no seu bojo uma clara manifestação do racismo mais despudorado, revelando um contexto ainda marcado pelas chagas do preconceito e da intolerância cega que impede parcela considerável da sociedade de conviver com as diferenças e reconhecer o outro como um ser humano portador de direitos. Mandela nos lembrava de que “o preconceito constitui uma das faces mais cruéis da violência”, pois significa uma desconstrução do outro como humano e uma subtração da espécie mais importante de liberdade – aquela que nos assegura o direito de ser o que realmente somos. O monumento destruído em menos de 24 horas após sua inauguração se configura como uma verdadeira violência contra o Povo de Terreiro e as religiões de matrizes africanas e motivo de grande indignação aos que lutam em defesa dos direitos humanos. A trajetória de resistência de Mãe Doca a transformou num símbolo de luta pela liberdade religiosa da população negra. Mãe Doca foi presa várias vezes por cultuar as divindades e preservar a religiosidade afro-amazônica, porém não desistiu de manter seu templo afro-religioso aberto. Seu terreiro se manteve aberto de 1891 até meados da década de 1960, mesmo após várias tentativas da polícia de tentar neutraliza-la. Enfrentando toda sorte de perseguições, sua perseverança altaneira, abnegação e luta explica a reverência do movimento afro-religioso à Mãe Doca, assim como a tristeza misturada à profunda indignação frente à destruição do monumento. Neste sentido, nos solidarizamos com todos os movimentos afro-religiosos. Temos a firme convicção da urgência no que se refere à políticas públicas que garantam a liberdade religiosa, reprima o preconceito e o racismo, além da implementação de políticas na área da educação em direitos humanos, que enraíze valores e princípios imprescindíveis ás relações humanas. Nesta conjuntura, o Estado não pode ser omisso. O amadurecimento de nossa ainda muito jovem democracia perpassa inexoravelmente pela priorização das políticas educacionais, não apenas do ponto de vista da preparação para o mercado de trabalho, mas também na formação da cidadania, na formação para a vida em sociedade. É importante ressaltar quanta falta nos faz em Belém uma Secretaria Municipal de Direitos Humanos, que articule políticas direcionadas aos seguimentos cujos direitos são sistematicamente violados. À cultura da violência, o poder público precisa responder com políticas que fomentem o espírito de comunhão, fraternidade, colaboração, respeito mútuo e tolerância. Mahatma Gandhi ressaltava que “a lei de ouro do comportamento é a tolerância mútua, já que nunca pensaremos todos da mesma maneira, já que nunca veremos senão uma parte da verdade e sob ângulos diversos” e completava lembrando: “Não existe um caminho para a PAZ. A paz é o caminho!”.
VEREADORA SANDRA BATISTA

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