“Eu nunca vi machado cego fazer casa pra morar”
Nossa cultura transversal e dialógica - povos tradicionais de matriz africana – nos ensinam alguns princípios fundamentais que dizem respeito ao bom convívio entre nós e os outros. O mundo apressado, capitalista com esse Estado burocrata que insiste em nos criminalizar, não entendeu e pelo jeito não vai entender tão cedo que estão nestes princípios elementos vitais para nossa manutenção e existência. Perder ou deixar de ganhar políticas que contenham minimamente estes princípios nos matam, nos fazem apodrecer por dentro.
Olhamos isso, construímos estratégias de enfrentamento e combate ao racismo. Nos olhamos, nos reconhecemos uns nos outros. A estratégia adotada por nós que culminou na apresentação, aprovação no Colegiado Setorial de Cultura Afro-Brasileira e no Pleno do CNPC/Minc sobre o Plano Nacional para Culturas Afro-Brasileiras nos dias 09, 10 e 11/05/2016 foi vitoriosa. Até que ponto?
Nos últimos cinco anos, num pacto nacional lideranças tradicionais de matriz africana de todo Brasil pautou o debate acerca do racismo institucional; ampliou as representações da cultura negra no Conselho Nacional de Políticas Culturais para a capoeira, para o hip hop, para a cultura alimentar, para os povos tradicionais de matriz africana, para os quilombos; ampliou a participação de lideranças negras em diversos colegiados setoriais; construiu um plano exequível para as culturas negras.
Para isso pagamos um alto preço, não financeiro, mas sim no enfraquecimento de nossos princípios. Uma névoa, anunciada, cobriu nossos olhos. Arthur Leandro, como é que deixei você ser alijado da decisão que você mesmo ajudou a construir o caminho? Não sei! Disse que faria, e não fiz. Por enquanto ficarei com uma frase sua: “Tempo é Rei de Angola”.
Não farei ata, não farei artigo, não farei moção ou recomendação. Continuemos a fazer o que nunca deixamos de ser, em nossas bases estão nossas trincheiras.
#MincResite Não ao Minc da arte branca, eurocêntrica e machista. Nos cuidemos para não cair na armadilha da cultura de elite versus cultura popular.
Como nos ensina Mãe Beth de Osun: “Tá na hora do pau comer”.#nadaatemer
Texto publicado no Facebook pot Pedro Neto
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