Reproduzo aqui o
texto do Pai Paulo, conselheiro nacional de política cultural pelo
setorial nacional de culturas afro-brasileiras, com argumentos para
estabelecer percentual de financiamento para as culturas de matriz
africana no orçamento do MinC.
40 % DO ORÇAMENTO DO
MINC PARA MATRIZ AFRICANA,
NEM UM CENTAVO A MENOS!
Somos mais
da metade da população brasileira, confirma o IBGE, considerando os resultados
do último senso. Não há dúvidas de que este número ainda está sub-representado,
por motivos diversos, que não cabem ser discutidos aqui. Entretanto, se
observarmos do ponto de vista das tradições e das manifestações culturais que
conformam a chamada cultura nacional, a impressão é a de que a presença negra é
absolutamente hegemônica.
Se por um
lado o Estado brasileiro se vende lá fora como um país de cultura negra, e se
utiliza da cultura negra para atrair o interesse das pessoas e dinamizar a
economia turística nacional, internamente o racismo tem sido o critério
definidor do orçamento voltado para a cultura, em todas as esferas federativas,
nacional, estadual e municipal. O critério definidor do local próprio do milhão
e do local próprio do tostão. Sendo o milhão destinado às manifestações
culturais originárias da chamada cultura erudita européia, e o tostão voltado
para as manifestações culturais de origem africana.
Com base no racismo, definiu-se a
hierarquia entre o que seria cultura e o que seria cultura popular e / ou
folclore; entre o que seria conhecimento, tecnologia e idioma, e o que seria “saberes, fazeres e dialetos”. De
um lado a sanidade das populações pobre e periférica é garantida pela vivência
dos valores, tradições e manifestações culturais de origem africana, de outro
lado o poder público e a iniciativa privada pensam seus projetos de cidadania
voltados para esta população negando valoração positiva à cultura negra, como
se estas pessoas não fossem portadores de cultura, cabendo à elite eurocentrada
a generosidade de “levar-lhes cultura”, propiciar-lhes “acesso à cultura”.
As tradições
de matriz africana, que aportaram no Brasil nos corpos e mentes dos africanos
para cá transladados na condição de escravos, se disseminaram pelo país, e se
desdobraram numa infinidade de manifestações. O teatro negro, a arte negra, dança
afro, música negra, afoxe, maracatu, bloco afro, capoeira, congada, entro
outras, bebem nas mesmas fontes, e se baseiam nos ritmos, instrumental,
vocabulário, estética, práticas pedagógicas e princípios filosóficos
preservados nos territórios tradicionais de matriz africana. Assim, o mesmo
racismo que incide sobre as tradições de matriz africana, negando-lhe qualquer
valoração positiva, também incide sobre suas derivações culturais, consideradas
como “não cultura”, como folclore, cultura popular.
Partindo
desta compreensão, não poderíamos deixar de encampar a proposta de 40% do
orçamento do MINC para a matriz africana, e para as suas manifestações
culturais, já defendida em vários segmentos dos movimentos culturais
negros. No contexto das mobilizações
para a III Conferência Nacional de Cultura, marcado por ampla participação das
lideranças de matriz africana, dos artistas e profissionais negros que atuam no
âmbito da cultura e da produção cultural, dialogando com os governos e com a
sociedade, é essencial que tenhamos em mente o nosso dever de lutar pela
democratização das políticas culturais, pelo fortalecimento do Programa Cultura
Viva.
Para além das muitas propostas
pontuais das várias áreas que hoje conformam a cultura negra no país, é
importante que cheguemos articulados à Conferência Nacional na defesa de 40% do
orçamento global do MINC, das suas diversas Secretarias e órgãos vinculados,
para a Matriz Africana. Nem um centavo a menos!
Ribeirão Preto, setembro de 2013.
Paulo César Pereira de Oliveira
CONCORDO PLENAMENTE COM QUASE TUDO ESCRITO,NOSSO POVO USA O TERMO ´´MATRIZ AFRICANA´´ESSE TERMO ABRE UMA IMENSA LACUNA PARA OUTRAS RELIGIÕES INCLUSIVE PARA O EVANGÉLICO,EXISTE UM ARTIGO DE LEI ASSINADA PELA PRESIDENTA DILMA DANDO A LEGITIMIDADE QUE NÓS SOMOS ´´POVOS TRADICIONAIS DE TERREIRO´´IGUALMENTE AOS DEMAIS POVOS QUILOMBOLAS COMO O ÍNDIO,CIGANO,PESCADOR,MARISQUEIRA E ETC..DEVEMOS SUSTENTAR ESSE TERMO ´´POVOS TRADICIONAIS DE TERREIRO´´ OLORUM MADOBÊ!
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