terça-feira, 21 de novembro de 2017

Consciência Negra é celebrada na Praça da República.

A concentração foi domingo, dia 19 de novembro, no Quilombo da República -  a barraca do CEDENPA, Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará - na praça da República.
Mulheres Negras da Amazônia: Pará, Amapá, Maranhão e Tocantins, comandaram a celebração com apoio do Bento Maravilha, do Ben Som.
A celebração foi conduzida pela Rede Fulanas, que é composta por mulheres autodeclaradas negras que manifestam sentimento de pertencimento e semelhança ao biótipo das negras africanas que foram escravizadas nas Américas. As Fulanas, nome aqui vinculado à etnia africana Fula, de significativa representatividade na Amazônia, nasce por constatar que o racismo, preconceito e discriminação racial continua atingindo, com mais força, as mulheres negras e que diante disso, tornam-se necessárias ações mais articuladas, visando contribuir na superação das desigualdades raciais e de gênero na Amazônia e no Brasil como um todo. Com o apoio do Ben Som, do Bento Maravilha, fizeram leitura comentada de manifestos de consciência negra.





Povo Tradicional de Matriz Africana pede paz!


“Essa é uma ação religiosa, mas, também, uma ação política. Todas as vezes que os povos de terreiros saem às ruas para professar a nossa fé, estamos fazendo a ação politica de existir em uma estrutura social que insiste em nos ser hostil. Ao ocuparmos simbolicamente, o espaço público, resistimos às invisibilidades e preterimentos que cotidianamente nos atingem”, afirma o ogã André Santos, membro da comissão dos Terreiros Tombados e professor-doutor da Ufba.


Para denunciar as violências e exigir respeito, que comunidades do Povo Tradicional de Matriz Africana, Afro-religiosos de Belém do Pará, enfeitaram as Mangueiras da Praça da República com Ojás brancos (ação nacional promovida pelo Coletivo de Entidades Negras - CEN) e plantaram árvores sagradas no Espaço de Resistência Quilombo da República. A ação religiosa, política e poética exige respeito, e faz parte da campanha “Não toquem em nossos terreiros”, em referência a alarmantes casos de racismo religioso, que resultaram até na destruição de templos. O cenário, preocupante, pode ser expresso em dados. Conforme levantamento do Ministério dos Direitos Humanos. Entre janeiro de 2015 e o primeiro semestre deste ano, o Brasil registrou uma denúncia de ataque a terreiros a cada 15 horas. No período, ainda segundo o órgão, o Disque 100, canal que reúne denúncias, recebeu 1.486 relatos de discriminação religiosa, sendo que, a maioria das violências, atingem as tradições do sagrado de matrizes africanas.




E no mesmo ato demarcaram a presença negra na Amazônia com o plantio de árvores sagradas ao redor da barraca do CEDENPA, que se localiza na parte da praça que no passado foi usada como o cemitério dos homens pretos. O plantio das árvores também é uma celebração à ancestralidade africana na cidade de Belém.
Babá  Edson Catendê e Mãe Patrícia de Iemanjá conduziram o ritual poético-político-sagrado de plantio de árvores no Quilombo da República.

São folhas e ervas utilizadas pelas diversas tradições de origem na África Negra presentes na Amazônia, e o plantio em espaços públicos reforça o registro de 1.082 terreiros na zona metropolitana de Belém, pesquisa realizada pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome -  MDS, em 2012.





Prefeitura tentou retirar o Tabuleiro de Acarajé da Jucilene de Oyá. 



E o racismo institucional se fez presente com a ação da 'Ordem Pública' tentando retirar o Tabuleiro de Acarajé e a Feira Preta - jovens empreendedores negros que se reunem ao redor do Quilombo da República - da festa na praça. Mas a mobilização de resistência garantiu a presença do nosso povo, em festa, comemorando  o Dia Nacional da Consciência Negra.

"Axe Zumbi Pará, Axé Dandara Pará - SÃO VIDAS NEGRAS QUE IMPORTAM"





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