sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Pai Marcelo de Averekete, sobre a violência contra as tradições de matriz africana.

Abordar a questão da Intolerância em sua múltiplas facetas requer, dentre outras coisas um conhecimento tanto de nosso passado como de nossa própria história, que ao longo desses mais de quatrocentos anos tratou a figura do negro de forma descontextualizada, em seu processo histórico e o mais grave que é o continuo estágio de desumanização de sua condição humana.
Vive-se em um país que trás em sua Carta Mágna de forma pontual em seu artigo quinto, um posicionamento neutro com relação ao campo religioso, instituindo desta forma o. Estado Laico, no qual deveria haver espaço para a discriminação de qualquer forma.
No entanto, próprio processo histórico de construção de nossa Nação nos diz e comprova o contrário, uma vez que o componente cultural negro ainda é tratado à margem deste processo como uma verdadeira mácula; como algo de menor valor, negligenciando sua contribuição inconteste para a formação de cultura.
Diante deste estado de contradições, pode-se dizer seguramente que o Brasil é um país intolerante, principalmente no tocante ao ao aspecto religioso. E o mais nocivo ao desenvolvimento de uma Nação é quando constata-se que tais questões ainda são tratadas de maneira subterrânea, tentando escamotear os fatos, negando às pessoas o livre arbítrio por suas escolhas, crenças e tradições. Neste momento é pertinente lembrarmos da reflexão do poeta italiano Giácomo Leopardi: " Nenhuma qualidade humana é mais intolerável do que a intolerância". Não importa a denominação que tenha o seu credo religioso: Budismo, Cristianismo, Candomblé, Espiritismo, Hinduísmo, Islamismo, Umbanda. Não é mais cabivel usar o julgamento de superioridade para justificar e disseminar atitudes segregados e individualistas.
A intolerância já é considerada por muitos estudiosos do comportamento humano um dos fatores determinantes para o crescimento de diversas formas de violência em todo o Brasil. Agressões verbais, invasão e depredação de espaços religiosos, espancamentos, linchamentos e assassinatos estão se tornado lugar comum. É estarrecedor, mas estamos voltando ao estado da mais completa barbárie. Resultado de uma aguda eneficiência e omissão do Estado, da população em geral por cultivar atitudes racistas e preconceituosas, perpetuando uma tradição de desrespeito aos direitos humanos.

AXÉ MATINJALÔ AYÊ




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